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Sobre o livro

Livro Fátima Grillo

Introdução

Este livro conta uma trajetória de luta e resistência, que tomou treze anos da vida de nossa amada irmã Maria de Fátima Deprá Grillo, diagnosticada com um câncer de mama metastático em 2001, aos trinta e oito anos de idade.

Guerreira, corajosa, iluminada, simples, perseverante, generosa, festeira, bem-humorada, agregadora, confiante, determinada, disciplinada, compromissada, positiva, amorosa, solidária, desprendida, justa, lutadora. Palavras, adjetivos, quase substantivos – dentre muitos outros – usados por amigos e pessoas próximas para descrever Fátima, a Fá, a Fafá.

De acordo com os médicos, todos têm um câncer adormecido no corpo. Ainda é um mistério para a medicina por que uma célula defeituosa, das muitas que temos, entra em desequilíbrio e provoca um tumor. Outro mistério é a atuação do sistema imunológico de cada indivíduo, a defesa que o próprio corpo usa para combater ou resistir à doença. A maioria dos corpos repele a formação dos tumores. As pessoas ou não desenvolvem a enfermidade ou, se estiverem com ela, vivem bem. Os médicos ainda não sabem cientificamente por que isso acontece. Eles só sabem que acontece.

Existem diversas teorias sobre o surgimento do câncer. Algumas apontam para o fator genético, outras falam do componente emocional, outras indicam o estilo de vida moderno, a alimentação industrializada, o estresse, o trabalho excessivo, a poluição ambiental. Muitas dizem que a doença é a somatória de todos estes fatores. Para médicos e pesquisadores, é consenso que ocorre uma mutação na célula e ela se torna capaz de se dividir, proliferar e invadir outros órgãos.

Segundo os oncologistas, diante da notícia devastadora da presença da doença, as pessoas têm dois caminhos a trilhar. O melhor caminho é aceitar a situação e o tratamento, não desistir de lutar, levar uma existência ativa, com mudanças na alimentação e no estilo de vida. O segundo caminho é não aceitar a situação, ignorar a gravidade do mal, entrar em depressão, manter uma alimentação não saudável e hábitos de vida nocivos que fortaleçam a doença.

 

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A literatura e a estatística médica postulam que uma mulher com câncer primário de mama com metástase óssea tem uma sobrevida, em média, de dois ou três anos. Fátima viveu onze anos assim. Segundo dados conhecidos, pacientes com metástase de câncer de mama no fígado têm uma sobrevida de seis a oito meses. Fátima viveu seis anos nessa condição.

Fátima não era uma mulher de entregar os pontos. Desde o primeiro momento, do baque inicial da notícia até as três recidivas, ela disse a si mesma que a doença não a venceria. Entre os dois caminhos, Fátima escolheu o caminho da esperança.

Este livro é uma celebração da vida simples de uma mulher que deu a uma dificuldade enorme um significado extraordinário. Ele conta o caminho de Fátima nesse período: os mecanismos de resistência intuitivamente construídos por ela, uma luta árdua, corporal, diária, para viver bem contra o inimigo poderoso.

A força interior de Fátima se consolidou por conta de sua sólida fé em Deus, de seu trabalho ativo na paróquia do bairro onde moramos, do suporte familiar incondicional, da informação correta sobre a doença, da mudança de hábitos alimentares, da busca de alternativas para o reforço do sistema imunológico e da obediência total ao tratamento médico convencional, com os recursos mais modernos da medicina.

Fátima reforçou em si mesma, nesse período, uma virtude já possuída: o sentido do cristianismo mais puro, a essência de ser cristão, o doar-se para os outros, a busca da felicidade de todos como base da sua própria felicidade.

Nos projetos a que se dedicava ela colocava em prática seu enorme senso de compromisso. Ela se entregou por inteiro aos inúmeros trabalhos que fez. Fátima amava o que fazia. É por isso que tudo o que fez, fez bem. Esta é uma profunda lição deixada a todos.

Às vezes, coisas grandes e maravilhosas estão perto de nós, e não nos damos conta disso. Fátima fez essa descoberta antes da enfermidade. Depois, esse sentimento se aguçou e contribuiu para o seu fortalecimento espiritual e psicológico. Vibrava a qualquer boa notícia em seu tratamento, por pequenina que fosse. Qualquer acontecimento assumia uma proporção enorme. Enxergava beleza em coisas simples: a rotina diária, uma conversa com amigos, uma comida, um pôr do sol, uma praia, um sorriso.

Existem pessoas iluminadas que deixam um rastro de luz em sua passagem pelo mundo. Fátima foi uma dessas pessoas. Somos testemunhas de como ela era apaixonada pela vida; desde o momento em que acordava e partia para os afazeres de um novo dia, exalava esse amor. Para ela, a vida tinha sentido e viver valia a pena. A alegria e o entusiasmo dela em fazer o bem eram verdadeiros.

Este livro deveria ter sido escrito em primeira pessoa. Conversamos algumas vezes sobre a importância de registrar a sua luta contra a doença, um testemunho para outras pessoas, outras mulheres, por meio de gravações de voz, um filme com um depoimento, talvez um livro, quem sabe? A experiência dela tinha de ser compartilhada com mais pessoas. Fátima ria e dizia que faria isso mais tarde.

O livro é o resultado de observações nossas – o irmão redator do texto, a mãe, as irmãs, os amigos – e de vários depoimentos colhidos em entrevistas com pessoas que conviveram com ela durante esse tempo.

Temos a certeza de que o exemplo de Fátima está no coração daqueles que a conheceram. Se a caminhada de nossa inesquecível irmã servir como aprendizado e inspiração para outras pessoas, a existência deste livro está justificada. É essa história que você vai conhecer agora.

 

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